quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Estudo de caso - parte I :E-portefólio: um estudo de caso, Análise da tese de Ana Paula Andrade Alves

O estudo de caso há muito foi esteriotipado como o "parente pobre" entre os métodos de ciência social(...). Apesar destes esteriótipo, os estudos de caso continuam a ser utilizados em pesquisa (Yin, R.K., 2003). A essência de uma estudo de caso, a principal tendência em todos os tipos de estudo de caso, é que ela tenta esclarecer uma decisão ou um conjunto de decisões: o motivo pelo qual foram tomadas, como foram implementadas e com quais resultados (Schramm, 1971). Numa visão histórica, Jennifer Platt (1992) mostra como a observação participante surgiu como técnica de recolha de dados. A estratégia num estudo de caso possui uma lógica de planeamento, segundo Plat, em que as circunstâncias e os problemas de pesquisa são apropriados, em vez de um comprometimento ideológico que deve ser seguido não importando as circunstâncias. Um estudo de caso é assim uma investigação impírica que estuda um fenómeno contemporâneo dentro do seu contexto da vida real, sobretudo quando os limites entre o fenómeno e o contexto não estão claramente definidos.
E- portefólio: um estudo de caso
Trata-se de uma dissertação sobre a implementação de um programa de portefólios electrónicos a uma turma de alunos de 9º ano de escolaridade no contexto da Matemática. Este estudo decorreu no ano lectivo de 2006/2007, e partiu da utilização da Plataforma Moodle. Como refere a autora no abstract, pretende-se analisar a viabilidade e a adequação da implementação do programa de portfólios de Matemática, suportado pela tecnologia Moodle, a turmas do ensino básico.

Esta tese começa por uma introdução onde é contextualizado o novo modelo de educação, nomeadamente a importância do e.portefólio, a fazer notar a pertinência desta ferramenta na vida escolar dos alunos, refere também a plataforma como forma de suporte.
Continua integrando o trabalho e, quando refere a questão principal de pesquisa, logo de seguida refere 3 questões principais de pesquisa, o que torna neste momento a indefinição do que é realmente considerado de questão principal. De qualquer forma, os objectivos estão traçados face às 3 questões, nunca directamente relacionados com a resposta à primeira questão formulada. Verifica-se uma tentativa de tornar transferíveis os resultados do estudo para outros casos, dando assim utilidade à investigação, tornando-a um estudo aberto, nunca fechado em si mesmo.
Nesta tese, a autora, envolvida num Paradigma interpretativo, considera na sua investigação o estudo de caso. Este paradigma vai ter interferência no que é investigado, na relação entre o investigado e o investigador e nos métodos utilizados.
As fases de todo o processo de investigação vão estando patentes neste trabalho de uma forma mais ou menos clara:
O problema não se encontra definido
A autora parte de questões de investigação de forma pouco clara
Os objectivos da investigação recaem apenas em parte das questões
É feita a revisão da literatura onde é conseguido um bom enquadramento de todo o trabalho. Aqui sim, é feita referência a um problema - as falhas nas práticas de ensino em Portugal e a necessidade de valorizar as situações de trabalho na sala de aula
A definição e fundamentação da metodologia, referida também como descrição do estudo é conseguida. No entanto surge aqui uma abordagem aos paradigma que poderia estar mais bem enquadrado na revisão da literatura, bem como surgem, aqui, de novo, a questão principal já anteriormente referida e mais uma vez, de novo, 3 questões principais
É feita a apresentação e análise de dados
Na conclusão a investigadora vai de encontro aos objectivos, ou seja, responder às questões principais apresentadas no início da dissertação, apresentando aqui obstáculos que surgiram ao longo do trabalho. Termina com a abertura a mais investigação ligada à temática em questão, abrindo assim todo este trabalho a trabalhos futuros.

Esta tese, com alguns pontos a apontar face às fases do processo de investigação, apresenta-se bem estruturada. Considero que em vários momentos é repetido o estudo em causa, salientado-se sempre o quê, para quê e com quem. Verifica-se por vezes a existência de alguma falta de seguimento lógico da estrutura, mas que rapidamente se restabelece.

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Platt, J. (1992). "Case study" in American methodological thought. Current Sociology
Yin, Robert K.. "Estudo de caso planejamento e métodos".São Paulo

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O processo de Investigação - etapas

Por onde começar?

Para um trabalho de pesquisa ser feito, acima de tudo o investigador deve ter interesse pessoal no tema a trabalhar, deve ter prazer na investigação que vai fazer e é preciso que o investigador tenha consciência do limite dos seus conhecimentos, sob pena de entrar num tema fora da sua área e assim tornar bem mais complexo o seu trabalho.
Após a análise feita ao estudo de caso presente na tese analisada, partindo de várias leituras feitas e depois do grupo Sherlockianos ter vivamente discutido as fases do método investigativo, considero que num processo de investigação, existe um conjunto de fases que são reflexo do paradigma que lhe está subjacente. No entanto, há fases comuns a qualquer paradigma. Qualquer investigaçãpo tem de ter definido, no seu inicio um problema. Aqui eu coloco uma observação ao fluxograma apresentado pela equipa A lémar. É definido um tema ou área, mas será esta ideia um problema?

No âmbito deste problema é colocada uma questão que será o ponto de partida do trabalho investigativo. Almeida e Freire (2003) definem fases comuns a qualquer investigação, nomeadamente a definição do problema e a revisão bibliográfica, base teórica de trabalho, aspectos já estudados que nos remetem para limitações ou outros elementos a ter em conta. No fluxograma do grupo Eurek@as, esta fase não é contemplada.

A Formulação de hipóteses bem como a definição de variáveis são fases que se relacionam com um paradigma positivista, em que a investigação experimental ganha força e os métodos quantitativos imperam. Neste caso poderia dizer que o fluxograma Eurek@as se integra mais num paradigma normativo. Daí os sherlockianos terem considerado a fase “questão e/ou hipótese formulada”. Este aspecto está presente no esquema apresentado pelos Alémar que traduz as diferenças entre uma pesquisa científica qualitativa e quantitativa.

Na fase em que se define o método, há que descrever como se vai conduzir o estudo. Aqui surge a amostra a ser tida em linha de conta, os instrumentos, as fontes e o procedimento. Mas, se se trata de uma investigação experimental, mais relacionada com o paradigma normativo, então existe o design de estudo, como é referido mais uma vez no fluxograma Eurek@as.

No que respeita ao resultado da investigação, quando num paradigma positivista se procura a validação estatística relacionada com as variáveis em estudo, na investigação qualitativa, há uma intenção final em identificar factos e evidências que levem a respostas às questões orientadoras.

Apesar da estrutura ter alguns pontos em comum, há fases que acabam por não se verificar numa investigação qualitativa ou numa quantitativa.
Nestes fluxogramas, é nítido o paradigma positivista em que o grupo Eurek@ assenta. O grupo sherlockianos e MIPERUSA generalizam, apresentando este último grupo um fluxograma bastante mais compactado, diria. Depois de ter investigado Sampieri, onde se apoiou o grupo ALÉMAR, considero que, de certo modo ele refere uma metodologia mista.

Fluxograma construido pelo grupo Sherlockianos
(João Carrega, Filomena Grazina, Paula Simões e Paulo Azevedo
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Almeida, L. & Freire, T. (2003). Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação. Braga: Psiquilibrios.



http://www.socialresearchmethods.net/kb/contents.php



http://www.fisterra.com/mbe/investiga/cuanti_cuali/cuanti_cuali.asp



http://www.southalabama.edu/coe/bset/johnson/dr_johnson/2lectures.htm






domingo, 25 de outubro de 2009

O processo de investigação - paradigmas e métodos




Em seguimento à discussão no espaço fórum da unidade curricular, na plataforma do MCEM, sobre a questão da relação entre os paradigmas e a metodologia, uma grande questão colocada refere-se à ordem com que é encarado o paradigma e o problema passível de uma investigação, bem como a metodologia adoptada.

Começo por abordar uma questão que, apesar de a ler em muita bibliografia, continua a ter a minha discordância.

"Concordo quando é referida a existência de 3 paradigmas, concordo também que eles recorrem inerentemente a um determinado método, quantitativo, qualitativo ou misto, mas, não concordo que se fale de um paradigma qualitativo ou quantitativo, muito menos misto. Como diz o Paulo, o paradigma reflecte uma visão, reflecte um modo de entender e agir perante o mundo, é um sistema de pensamento, que orienta questões a investigar. As próprias tradições podem estar na base de um paradigma, O positivismo, a dialéctica entre outros, possibilitam múltiplas leituras do mundo. Segundo Capra (1995), a ciência moderna é dividida em dois grandes paradigmas, duas formas de ver o Mundo. Não creio que se possa considerar uma visão assim abrangente, de forma limitada ao qualitativo ou quantitativo. Agora se nos referimos à metodologia preferencialmente utilizada em casa paradigma, quantitativa no caso do paradigma normativo ou qualitativa no caso do interpretativo, então pode falar-se, mas numa investigação mais qualitativa ou quantitativa."


Uma outra questão que deu azo a discussão tem a ver com o facto de um problema induzir a um paradigma ou o paradigma reflectir-se no problema.

Em resposta,... "na minha opinião bem certo. Como membro do grupo do Paulo, refiro que, embora a análise da tese tenha sido individual, acabamos por dialogar entre todos colocando opiniões concordantes ou não. O que é certo é que, sendo o paradigma os valores, pensamentos, visão do mundo, algo que está inculcado na mente de cada sujeito, grupo social, quando se faz um trabalho de investigação, esse paradigma está inerente a todo o processo. Eu não decido sobre um problema a investigar ou coloco questões de investigação e depois decido em que paradigma me encaixo, porque ele já existe de antemão. Posso decidir sobre metodologias de acordo com o trabalho que quero produzir, mas isso não muda a minha visão de ver o mundo.
Eis porque no nosso fluxograma todo o processo de investigação se encontra envolvido no paradigma, seja ele qual for e que, naturalmente vai ter influência na investigação.
Concluindo...de forma redutora, eu sou de opinião de que o paradigma vem primeiro...mais que isso, ele não surge, ele já existe antes de eu pensar em fazer a minha investigação.(...)Quando refiro que o paradigma vem primeiro, quero expressar que, quando é gerado um problema, o paradigma já existe, não surge depois como resposta ou opção. O investigador não se desliga da carga histórica da sociedade em que se insere. No entanto, algures se foi definindo a teoria, a forma de ver o Mundo, a compreensão da sociedade. Os problemas e respectivas investigações vão surgindo. Se com Aristóteles se defendia o geocentrismo, algures , perante essa visão do Mundo o paradigma mudou. A investigação foi feita, ao ponto de se poder responder à tua questão. As conclusões permitiram uma alteração à forma como se interpretava o mundo. Mas tudo partiu de pressupostos teóricos, um paradigma que mantinha na altura um grupo unido de pensadores.
G. Lapassade e R. Lourau (1974) afirmam que “o método depende da teoria que se pretende verificar.” E porque não estarão, paradigma e método, em ligação intrínseca e recursiva, enquanto duas componentes indispensáveis da investigação? Não será que o método gerado pela paradigma o regenera? A questão que colocavas era mesmo esta e realmente a minha resposta é afirmativa. A investigação vai permitindo a consolidação ou eventual regeneração do paradigma que a sustentava.

sábado, 17 de outubro de 2009

O processo de investigação - métodos em Investigação Educacional


Consoante o paradigma da investigação em educação se define com características quantitativas ou qualitativas e os respectivos métodos ganham consistência no processo de investigação, há que realçar a importância de ambos com as suas vantagens e limitações. Só assim a investigação ganha um cunho rigoroso. Enquanto que na investigação qualitativa as técnicas passam por observações naturalistas, realizadas no local, contextualizadas, na investigação quantitativa, o método seguido é científico, a realidade estudada pretende-se objectiva bem como a interpretação feita dos fenómenos. Segundo Fernandes, D. (1991), uma das prioridades do método quantitativo é verificar a generalização dos resultados à população. Este método é muito importante em termos de validade externa pois a partir de uma amostra representativa da população é feita a inferência ao universo em estudo, com uma grande precisão. As amostras experimentais devem ser trabalhadas exaustivamente com vista a um resultado fidedigno e objectivo. As técnicas a ser tidas em conta proporcionam resultados mais ou menos conclusivos. As limitações prendem-se sobretudo com a capacidade de controle das variáveis independentes, encontrando-se assim condicionada a generalização dos resultados.

Numa investigação qualitativa, é a compreensão profunda dos problemas, é ir mais além na investigação de determinados fenómenos, sem preocupação com a generalização dos resultados. aqui reside uma das grandes dificuldades deste método. Na investigação qualitativo, a veracidade dos dados depende da integridade e do conhecimento do investigador. As técnicas de entrevista, observações minunciosas e análises de instrumentos escritos, permitem uma investigação mais ampla. A falta de objectividade e o envolvimento do investigador com os sujeitos a investigar acaba por ser uma limitação, desta vez no na investigação qualitativa.

Se pretendermos fazer uma distinção quanto à metodologia aplicada, considero antes de mais que a utilização simultânea de métodos qualitativos e quantitativos só pode beneficiar uma investigação. Num processo metodológico misto, pode, embora com predominância para uma das situações, fazer-se uma investigação que se limita a questionar, mas ao mesmo tempo com procura de respostas. Comunicar-se essencialmente com os sujeitos a que diz respeito o estudo, mas porque não servir-se deles para determinados aspectos a analisar. Criar situações descritivas, conjuntamente com A metodologia mista considerada de forma equilibrada tendo em conta a investigação a ser feita, só trás mais valias a todo o processo.

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Cohen,L., Manion, L., Morrison, K., Research Methods in Education. London: Routledge Falmer

Pita Fernádez, S. Pértegas Díaz, S. – Ynudad de Epistomologia Clínica y Bioestadistica, Complexo Hospitalario-Universitario Juan Canalejo, A Coruña, Cad. Aten. Primaria, 2002

http://www.fisterra.com/mbe/investiga/cuanti_cuali/cuanti_cuali.asp

http://claracoutinho.wikispaces.com/Investigação+qualitativa+passos+fundamentais



























Investigação educacional - paradigmas subjacentes (reflexão)



Paradigma é o "quadro geral que determina a teoria e a investigação e que inclui as assunções principais, os modelos de investigação e os métodos". (Newman, 2006).

Qualquer estudo em educação necessita de clareza quanto às orientações que segue, às linhas que definem os rumos a seguir.
Dada a diversidade de pesquisas na área educativa, que ao nível teórico, quer prático, torna-se difícil conseguir uma originalidade absoluta.
Os paradigmas básicos do saber, que se sucederam interpenetrados e que continuam na nossa cultura e nas nossas cabeças, necessitam recompor -se num quadro teórico mais vasto e coerente. Sem percebê-los dialeticamente actuantes, não poderemos reconstruir a educação. (Marques, 1993, p. 104). Assim, Paradigmas são, portanto, um conjunto de conceitos interrelacionados de tal forma, a ponto de proporcionar referenciais que permitem observar, compreender determinado problema nas suas características básicas: o quê, como, o que se pretende observar e orientar possíveis soluções.
Os paradigmas em educação, positivista, interpretativo e Crítico, distinguem-se entre si quanto a:



  • Objectivo da Investigação


  • Natureza da realidade social


  • Visão sobre o homem e sobre o senso comun


  • Natureza da teoria e da explicação


  • Perspectiva sobre os valores


Na aquisição dos conhecimentos, ao longo da investigação a abordagem pode ser mais ou menos qualitativa e quantitativa. De qualquer forma, a investigação foca-se na resolução de um problema, na tentativa de resposta a questões definidas. Ao classificá-la como quantitativa ou qualitativa está-se a clarificar a distinção entre uma método dedutivo ou indutivo a ser seguido, respectivamente, uma perspectiva do comportamento humano previsível ou mais situacional, numa visão da realidade mais objectiva ou subjectiva e socialmente construída e em que a natureza da observação se preocupa em estudar comportamentos sob condições controladas, ou, segundo uma vertente mais qualitativa, o estudo comportamental ser feito em ambientes naturais e contextualizados. Ao nível dos dados a tratar, as diferenças mantêm-se explicitas. Se por um lado a investigação se prime pelo estudo de varáveis quantificáveis, pelo outro a natureza dos dados relaciona-se mais com as palavras ou imagens categorizadas. Numa investigação quantitativa a procura é feita no sentido geral, o que numa quantitativa se reveste de procuras particulares, numa apresentação de múltiplas perspectivas.
Como resultado final, obtemos assim, um relatório estatístico, comparativo, e significado estatístico numa investigação quantitativa. Já na Investigação qualitativa, este relatório final se apresenta como uma narrativa com uma descrição contextual e citações de outras pesquisas realizadas.



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http://www.fisterra.com/mbe/investiga/cuanti_cuali/cuanti_cuali.asp



http://www.southalabama.edu/coe/bset/johnson/dr_johnson/lectures/lec2.pdf