terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Reflexão final do trabalho em Metodologias de Investigação em Educação


Após este semestre, considero que muitos aspectos podem ser referidos relativamente a esta Unidade Curricular quer em termos de ganhos, quer em termos de prestação, sempre no sentido de uma autoavaliação voltada para o meu futuro como elemento educativo, sempre integrada num determindado paradigma e que busca sempre mais saber.

Por isso o tempo passa e o conhecimento, esse vai ser cada vez maior.

Fazendo uma retrospectiva desde Outubro, considero que, no início desta UC senti que o trabalho era demasiado, exigente em termos de tempo, organização, mas que seria uma mais valia a aposta em termos de empenho, uma vez que seria o suporte para o trabalho do próximo ano.

O tempo foi passando, e considero que posso fazer uma reflexão essencialmente a dois níveis, o trabalho individual e o de grupo.

Vou mesmo referir-me ao meu grupo de trabalho, porque o considerei imprescindível em vários aspectos. Considero que, apostando eu muito no trabalho de equipa, também sei a angústia que é quando o grupo não se sintoniza, sobretudo em termos de tempo e empatia. O que é certo é que este meu grupo de trabalho, os Sherlockianos foram um lugar de aconchego ao longo desta UC.

Filomena Grazina, João Carrega e Paulo Azevedo, que merecem os meus parabéns por todo o seu contributo, conseguiram, junto comigo, que o trabalho avançasse sempre de forma cooperativa, com uma muito boa gestão de tempo e de forma igualitária. Considero que a distribuição de tarefas foi sempre muito bem conseguida, contribuindo cada um com o que de melhor tinha a oferecer aos Sherlockianos. Os trabalhos que fomos apresentando foram realizados com uma grande capacidade de diálogo, que nem sempre era concordante, mas que se mostrou uma benesse em termos de realização final. O trabalho foi intensivo, porque havia necessidade de conjugação com outras UCs, mas o grupo manteve-se sempre disponível para que as tarefas se realizassem dentro dos prazos estipulados e com a devida qualidade. Por tudo isto, considero que este grupo foi uno, coerente, assíduo e à boa palavra sherlockiana, elementar.

Quando penso no meu trabalho individual, e que em parte este e.fólio demonstra, remeto-me para todo um conjunto de esforços, de pesquisa, leitura, diálogo com colegas, cooperação nos fóruns, actualização, tentativa de estar sempre "presente" nos vários passos que a turma foi dando nesta UC.

A pesquisa foi realmente um ponto fulcral, na medida em que houve necessidade de conjugar a bibliografia proposta, com alguma que se conseguia dentro das várias temáticas e aquela que se ia fazendo na Internet, que muitas das vezes recaiu no espaço "Fontes", que considero ter tido bastante utilidade, uma vez que acabou por ser uma conjugação de esforços da turma.

A dinâmica que se foi conseguindo ao longo deste mestrado, possibilitou, embora com alguns elementos mais que com outros criar diálogos extra com colegas, com dúvidas e troca de opiniões, que ajudavam por vezes a encontrar outros pontos de vista, ou simplesmente divagar sobre o trabalho que se ia fazendo, mais um desabafo aqui ou ali.

Os fóruns foram sempre muito úteis pela possibilidade que criaram no que toca à troca de ideias sobre determinados temas, embora por vezes tenham caido em espaços de leitura algo fatigantes, quando a narrativa era muito extensa. Considero que fiz um grande esforço para ler algumas opiniões para entretanto poder contrapôr. Aqui acho que tem mesmo de haver um esforço de mais diálogo e menos exposição, para que os elementos da turma possam dar mais contributos, fazer mais reflexão e assim, de forma mais intensa, enriquecer o diálogo.

Considero que este e.fólio obrigou, de certa forma a manter organizados os conteúdos que iam sendo abordados, um guia a ter em conta para o próximo ano. Por outro lado, ajudou a que, ao preparar o texto a ser apresentado, lêsse ainda mais, reflectisse, coordenasse ideias para que o resultado não fosse fastidioso, mas tivesse o necessário acerca do meu trabalho. Acho que este espaço poderá ser um ponto onde me apoiarei no trabalho que tenho pela frente, quer pela forma como encadeadamente os conteúdos surgem, quer pela objectividade temática, pelas fontes propostas, nomeadamente o espaço "Fontes" e até mesmo pelo caminho directo aos blogs dos colegas.

Um aspecto que considero ser muito dificil conseguir-se, é a possibilidade de interacção com colegas através do e.fólio. Apesar de haver um espaço de comentários, tendo em conta a quantidade de colegas da turma, considero que, apesar de serem feitas visitas, como eu fiz aos blogs dos colegas, vai-se fazendo uma leitura ao material apresentado, mas o espaço de comentários acaba no fim vazio de opiniões. Tenho a referir que senti satisfação por ver comentado um texto pelo colega Paulo Azevedo, ao qual respondi.

No entanto, tento pensar no que poderia fazer-se para que esta interactividade aumentasse. Considero que não é fácil. Os colegas são muitos, os blogs igual e muita da informação colocada passa pelos fóruns, que naturalmente, já são sujeitos a comentários.

Considero que a parte final de trabalho, após a entrevista feita, foi algo mais autónoma, sentindo alguma desorientação, que fui colmatando com leituras.

Esta unidade, dada a grande quantidade de conteúdos a serem abordados e dada a grande importância daqueles, deveria ser distribuida por 2 semestres, até porque, como já referi, será a base de uma boa investigação no próximo ano.

Numa visão alargada que aproveita o passado, se concentra no presente, mas que visa um trabalho futuro, o que posso referir, a título de conclusão, é que a Unidade Curricular de Metodologias de Investigação em Educação foi conseguida com muito empenho, uma grande capacidade de organização de tempo e trabalho, uma boa equipa turma e um fantástico grupo de trabalho, os Sherlockianos.

Cheguei ao porto, daqui partirei não tarda, porque o tempo passa e o conhecimento aumenta, não se pode perder nesse tempo, mas enriquecê-lo...

Paula Simões

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Investigação e Inovação- Investigação Aplicada sobre o Desenho

Tendo em conta que já fiz a minha reflexão final sobre todo o meu trabalho mas surgiu entretanto a necessidade de realizar uma tarefa que aparenta ser útil, dada a diferenciação em termos de métodos de investigação que temos vindo a abordar, este texto foi colocado na devida ordem em termos de arquivo lógico deste blog.
Actualmente, mais que proceder a uma investigação no campo da educação, seja em que paradigma for ou metodologia utilizada, cada situação com as suas vantagens e limitações, há que reflectir sobre as mudanças práticas que essa investigação pode trazer.
Até que ponto os resultados da investigação promovem melhoria na educação? Até que ponto o contexto educativo pode contribuir para um processo de investigação credível? É nesta corrente de inovação que surge a Design-based Research.
Tendo em conta o pedido de um resumo em relação a este método, após alguma leitura, que, tendo considerado útil coloquei em nome do grupo no espaço Fontes, deixo aqui a minha intervenção no fórum sobre a temática.
Segundo Wang e Hannafin (2005), a investigação aplicada sobre o desenho surge como uma metodologia destinada a desenvolver as práticas educativas através de uma uma interacção entre a análise, o Desenho, o desenvolvimento e a implementação, baseda numa colaboração entre os investigadores e utilizadores levando assim a teorias e princípios de Desenho contextualizados.

Estes autores propõe a investigação baseada no Desenho e os seus objectivos pretendem resolver problemas do mundo real. Dantes, em investigação educacional, as teorias eram geralmente testadas através de experimentação artificial em contextos controlados. No entanto, na investigação baseada no Desenho, o objectivo não é testar se a teoria funciona, mas ambos, design e teoria desenvolvem-se mutuamente através do processo de pesquisa. Mas os investigadores utilizam o design para readaptar as teorias continuamente, de modo a que elas realmente funcionem na prática e levem eventualmente a mudanças substanciais na prática educativa.

Assim, ela deve ser pragmática, ao assentar quer na teoria, quer no contexto real. A teoria acaba por ser por um lado a base de apoio à investigação, mas por outro o resultado da mesma. A investigação é conduzida num contexto real com a complexidade, dinamismo e limitações de uma prática autêntica.

Interactiva, pois sem a colaboração entre investigadores e utilizadores, provavelmente a intervenção não teria os devidos efeitos no contexto real. Este processo demora algum tempo, uma vez que, teoria e intervenção vão sendo desenvolvidos e constantemente readaptados, numa relação entre análise e Desenho, consequente avaliação e redesenho.

O facto de esta investigação ser integradora prende-se com os dados oriundos de várias fontes que confirmam a credibilidade das pesquisas.

Os resultados da investigação estão ligados ao processo de design e os parâmetros que conduzem a investigação

Este tipo de investigação produz teoria e intervenções práticas ao nível educativo a partir dos seus resultados.

É assim criada uma interacção constante baseada em múltiplas perspectivas teóricas e paradigmas de investigação com vista à construção do conhecimento sobre a natureza e condições de aprendizagem.
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http://projects.coe.uga.edu/dbr/explain01.htm, consultado em Fevereiro de 2010

Barab, Sasha e al.(2004). Design-Based Research: Putting a Stake in the Ground, disponivel em inkido.indiana.edu/research/onlinemanu/papers/dbr-jls.pdf, extraido em Fevereiro de 2010

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Métodos de recolha de dados - os dados em investigação educacional: análise dos dados de uma entrevista - fidelidade e validade

Após a análise do conteúdo realizada à entrevista feita e apresentada anteriormente e tendo em conta alguns aspectos que estiveram na base da análise, como:
  • os temas - as unidades de significação;
  • a categorização - classificação com vista a reduzir a complexidade da análise, sem nunca lhe tirar o sentido, composta por um termo-chave, com o significado central do que se pretende apreender (Hogenraad, 1984);
  • as unidades de registo - Unidade de significação a codificar, que corresponde aos segmentos de conteúdo, formais ou semânticos, que são colocados em determinada categoria;
  • unidades de contexto - é o segmento mais largo do conteúdo a ser examinado, quando se caracteriza uma unidade de registo. A sua dimensão depende do tipo de unidade de registo escolhida. Estas unidades são um suporte da validade e fidelidade de todo o trabalho. Quanto mais extensas forem mais dificulta a validação interna da análise.
Após a análise feita, há que proceder à validação daquela, quer intracodificador, quer implicando alguém externo que a valide. No entanto, a fidelidade da codificação possui algumas dificuldades.
Qualquer conteúdo é passível de interpretações diversas, daí a possibilidade de dois codificadores perante a análise de um mesmo conteúdo, chegarem a resultados diferentes. Da mesma forma, a necessidade de validação intracodificador, reporta para o facto de, um mesmo codificador, ao longo do trabalho de análise de conteúdo, não aplicar de forma idêntica os mesmos critérios de codificação.
Quer ao nível da fidelidade inter-codificador, quer ao da intra-codificador, há que ter em atenção estas questões. A acrescentar, coeficientes de fidelidade elevados, ou seja o acordo intercodificador, não é sinónimo de validade. Pode acontecer que ambos os codificadores tenham utilizado critérios desadequados de classificação.
Daval (1964) propõe para a fidelidade da codificação uma forma simples, redutora talvez, uma fórmula que se calcula dividindo o número de acordos entre codificadores pelo total de categorizações efectuadas por cada um. Esta hipótese é mais uma possibilidade para uma codificação final.
De qualquer forma, e referindo a entrevista e respectiva análise aqui apresentada, foi feita a codificação por um colega que provou ser possível uma diferente interpretação aquando da análise de conteúdo.
As categorias surgem classificadas de forma diferente, assim como, consequentemente as unidade de registo e contexto.
Na mesma linha de conceitos, o mesmo trabalho intercodificador foi feito perante a entrevista realizada pelo colega, que mais uma vez chegou a uma codificação diferente.
A título de exemplo fica a opinião do colega relativamente à minha análise feita: