sábado, 19 de dezembro de 2009

Métodos e instrumentos de Recolha de dados: Guião de Entrevista (intervenções no fórum)

Algumas intervenções ponderadas após leitura das propostas de guião de entrevistas pelos restantes grupos:
“… referem tantas possibilidades de colaboração que, lendo assim na preparação da entrevista, na realidade tenho a certeza que a gestão seria cuidada e atenta, pode parecer que existirá alguma interferência no decurso da mesma, podendo criar algumas condicionantes ou orientar em demasia a entrevista. Como já referi, não duvido que a gestão seja adequada, todavia, limitando-me ao que li pode parecer que existirá demasiada "perturbação" para o entrevistado.”
Re: Guião da Entrevista - Sherlockianos
por
Paula Simões - Sexta, 18 Dezembro 2009, 19:06
Numa tentativa de resposta aos aspectos referidos no guião. Compreendo-te quando referes a possibilidade de orientação exagerada da entrevista.
O que pretendemos são aspectos a ter em conta no decorrer da entrevista, ou seja, se temos pela frente um entrevistado com ideias bem claras e com um raciocínio bem focado no assunto, pode nem ser preciso colaborar e a entrevista flui facilmente. No entanto, se o entrevistado tem dificuldade na transmissão das suas ideias, se foge facilmente ao assunto, se nos dá respostas telegráficas, temos de ter em conta algum ou alguns daqueles aspectos e colaborar, sob risco de não ter-mos, no final, qualquer informação válida para a nossa investigação.:)

Guião de entrevista dos Eurek@s
por
Paula Simões - Sábado, 19 Dezembro 2009, 22:21
Boa noite,
Gostei muito da forma como apresentam o vosso guião.
Concordando com o que já foi dito, acrescento que, a forma como colocam as notas do entrevistador ao longo das questões orientadoras considero que facilitam o desenvolvimento do diálogo.
Uma questão que deixo é a seguinte. Será que anotar gestos e expressões do entrevistado não o vai constranger? Talvez, como me parece referirem isso no final do guião, ao recolherem reacções possam registar em anotações à posteriori aspectos que foram captando ao longo da entrevista. É uma opinião:)
Acho válido quando referem que no final a validação da entrevista pode passar pela observação das reacções do entrevistado podendo assim esta situação levar a alterações nas questões ou outros itens.


Guião de Entrevista - MIPERUSA
por
Paula Simões - Terça, 15 Dezembro 2009, 22:53


Boa noite,
Aproveitando as palavras do Paulo considero que o guião está bem conseguido.
Na minha opinião, não sei se 15 minutos serão suficientes para a entrevista, tendo em conta, como referem e muito bem, a necessidade do cumprimento do tempo previsto.
Quanto às perguntas em si, no conjunto de questões planeadas sobre as redes sociais mais especificamente, a formulação da 18 talvez releve o entrevistado para o ambiente presencial, embora eu, estando dentro do contexto considere que se estão a referir às redes sociais.
Coloco a seguinte questão: será que com estas perguntas, embora a entrevista seja flexível, conseguem "material" para a 3ª questão de investigação “Que expectativas têm os professores sobre o uso das redes sociais no ensino?”?

Guião de entrevista do Grupo Alémar
por
Paula Simões - Sábado, 19 Dezembro 2009, 22:08
Boa noite
Considero que conseguiram um bom trabalho, dentro do que se pretendia, um guião de entrevista. Acho importante referirem os procedimentos seguidos durante a entrevista, embora ache que para ser mais fácil essa condução poderiam ter tido em conta situações e procedimentos mais específicos e talvez mais alargados aos possíveis imprevistos.
Quanto às questões, estando bem elaboradas considero que talvez seja difícil chegarem no final da entrevista à questão de investigação formulada sobre as expectativas que os professores possam ter relativamente à utilização das redes sociais, uma vez que limitam essa opinião a questões fechadas. Creio que ganhariam se as abrissem e dessem margem para o entrevistado expor as suas ideias.

Métodos e instrumentos de Recolha de dados: Guião de Entrevista

Após análise de informação sobre a técnica de entrevista, o grupo sherlockianos construiu um guião de entrevista que pretende ir de encontro a uma investigação com base num estudo de caso que pretende conhecer as representações dos
professores do ensino básico e secundário sobre das redes sociais.
Perante 3 questões de investigação previamente colocadas, foi assim criado o guião de entrevista com as fases e características que o grupo considerou serem importantes.

1) O que pensam esses professores sobre as redes sociais a exemplo do Facebook, Myspace, Twitter, etc?
2) Como é que vêm a sua (hipotética/real) participação numa rede social?
3) Que expectativas têm sobre o seu uso no ensino?
guiao-entrevista

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Métodos e instrumentos de recolha de dados - Técnica da entrevista



A entrevista tem como objectivo principal a obtenção de informações de um entrevistado, sobre determinado assunto ou problema. Tem sido definida como uma conversação iniciada pelo entrevistador, com o objectivo específico de obter informação relevante para a investigação e focalizada em conteúdos específicos ligados aos objectivos da investigação.
Como uma técnica diferente de investigação, a entrevista pode servir 3 propósitos:

- como meio principal de juntar informação. O entrevistador “acede” ao que se passa na cabeça do entrevistado. Pode assim medir o que ele sabe, do que gosta ou não, e o que pensa;
- pode servir para testar hipóteses ou sugerir novas;
- pode ser usada conjuntamente com outros métodos numa investigação

Como entrevista estruturada a que me refiro, os conteúdos e procedimentos são organizados com antecedência. Isto significa que a sequência e o trabalho sobre as questões são determinados por um esquema prévio e o entrevistador não tem grande liberdade para modificações. Neste tipo de entrevista a análise de dados é facilitada e possibilita a réplica do estudo. No entanto a flexibilidade é quase nula, reduz ou anula a possibilidade de aprofundar questões que não foram previamente pensadas.

Tendo em conta o número de sujeitos entrevistados, a entrevista pode ser

Individual, quando o entrevistador tenta perceber os sentimentos ou reacções do entrevistado face a uma situação, certas circunstâncias ou experiências de vida. O entrevistado pode manifestar os seus pensamentos pelas suas próprias palavras;
Grupo – o entrevistador pode recolher dados de vários participantes e observar também as interacções e dinâmicas de grupo;
Social – teoricamente informal em que uma pessoa ou um grupo avalia e forma uma opinião acerca de um ou mais indivíduos
De painel – uma pessoa é entrevistada por várias pessoas em conjunto


Tendo em conta a estruturação

- Estruturada quando a entrevista obedece a uma estrutura prévia, mais rígida, não dando muita margem para alterações. A informação recolhida é de tipo uniforme e as questões colocadas são-no como forma previamente escritas. As categorias de respostas são previamente definidas.
- Não estruturada (livre) no sentido de conhecer a perspectiva dos participantes sobre um determinado tema. Este tema é proposto pelo entrevistador, que se desenvolve numa conversa fluida, com emersão imediata de questões.
- semiestruturada, importando a obtenção de dados comparáveis de diferentes participantes. Aqui, o guião é preparado com linhas orientadoras da entrevista, levando a que vários participantes respondam às mesmas questões. Não exige uma ordem rígida nas questões com bastante flexibilidade na sua exploração. A entrevista é adaptada ao entrevistado.

Para planear uma entrevista há que
· Seleccionar os participantes;
· Especificar as variáveis que queremos estudar;
· Elaborar as questões;
O guião da entrevista

O Guião da entrevista surge como um instrumento utilizado para recolher informações na forma de texto e serve de base à realização da entrevista em si. Como etapas, há todo um percurso a ser seguido:

Descrição do perfil do entrevistado (nível etário, escolaridade…);
Selecção da população e da amostra de indivíduos a entrevistar;
Definição do tema e objectivos da entrevista;
Estabelecimento do meio de comunicação ( oral, escrito, telefone, e.mail…), o espaço, e o momento (manhã, duração…)
Descriminação dos itens;
Elaboração do guião com boa apresentação gráfica;
Validação da entrevista pela análise e critica por indivíduos relevantes.
O processo de entrevista
numa entrevista, se verifica todo uma relacionamento humano que a psicologia cobre e explica, referindo e propondo abordagens necessárias.

O processo de entrevista é um componente muito importante da entrevista. Envolve ler nas entrelinhas, reparar como o entrevistado fala e se comporta durante a entrevista. Uma observação cuidada do processo de entrevista permite confirmar, enriquecer e por vezes até contradizer o que vai sendo dito, como o conteúdo se vai desenvolvendo.

Aspectos a que se deve estar atento ao longo da entrevista de modo a poder ser explorado o seu processo:

Se o entrevistado parece estar confiante, confuso, duvidoso ou racional;
Se o entrevistado alguma vez se contradiz;
Como os aspectos referidos pelo entrevistado se relacionam com coerência;
Em que altura o entrevistado mostra entusiasmo e emoção;
Que tipo de linguagem corporal o entrevistado demonstra;
Como é o ritmo da entrevista, se lento ou rápido, com linguagem simples ou elaborada;
Relação eventual entre a aparência do entrevistado ou do ambiente da entrevista (se relacionado com o entrevistado) e o conteúdo da entrevista

De certa forma, no processo da entrevista, é muito importante a reacção do entrevistado. O entrevistador acaba por ser usado como um “barómetro” de acesso ao entrevistado. O processo de entrevista pode provocar no próprio entrevistador determinadas reacções face a comportamentos do entrevistado, daí as reacções do entrevistador poderem variar de entrevistado para entrevistado.

Passos para conduzir uma entrevista

1. Apresentação: aqui é importante a gentileza, conjugada com o profissionalismo. Conversa casual sobre o tempo, no início pode ajudar;
2. Descrição do projecto: deve ser dito ao entrevistado quem se é, de que projecto se trata, que objectivos, que interesse pode ter, que relação tem com a entrevista e, se o entrevistado permite a gravação. Se a resposta for negativa, não deve insistir-se neste aspecto;
3. Consentimento formal : para manter uma maior validade na investigação, deve ser dado, pelo entrevistado um consentimento por escrito onde se refere a descrição do projecto e a forma como a informação da entrevista será utilizada. Poderá também ser aqui referida a vontade de gravação da entrevista e de que, eventualmente poderão ser feitas citações da conversa. O facto deste consentimento ser por escrito, dá ao entrevistado uma maior segurança em todo este processo;
4. Começar a entrevista: o objectivo é fazer com que o entrevistado expresse as suas ideias sobre determinados assuntos. O entrevistador dar-se-á conta de como lidar com as várias reacções do entrevistado. Poderá tentar ajudá-lo a expressar-se, de forma mais clara, ajudar na elaboração das ideias, na focalização do assunto.
Algumas técnicas e expressões que podem ajudar o entrevistado a expressar as duas ideias de forma clara:
A – Clarificação: ajudar o entrevistado a explicar-se de forma clara.

“ Pode dizer-me algo mais sobre….”
“ Eu não estou certo de ter entendido a parte…- pode explicar-me melhor?”

B – Reflexão: reflectir sobre algo importante que acabou de ser dito, de modo a que a ideia seja expandida.

“ Então, acredita que a depressão é hereditária.”
“ Então, discorda com o Sr….”

C – Encorajamento: Encorajar o entrevistado a seguir com uma linha de pensamento.

“ A parte sobre…é interessante. Pode dizer-me mais sobre isso?
“Acho isso fantástico!, fale-me mais…”

C- Comentários: Injectar as ideias ou sentimentos do entrevistador para estimular o entrevistado a dizer mais.

“Eu sempre achei isso…”
“ Essa parte sobre…assusta-me.”
“ Se eu estivesse nessa situação, eu faria…”

D - Estimular: Guardar algo que estimule ou desafie o entrevistado (de forma amigável) a dizer mais.

“ Mas isso não é verdade..?”
“ Mas algumas pessoas diriam…”
“ Acredita mesmo nisso?”


E – Resumir: tentar resumir as ideias do entrevistado para ver se realmente entendeu o que ele estava a dizer.

“ Então, o que está a dizer é…”
“ Então, o seu ponto chave é…”
“ Deixe-me ver se eu posso sintetizar o que acabou de dizer…”

E – Terminar a entrevista: deve ser-se sensível à agenda do entrevistado e limites de tempo. Há que tentar abrandar o diálogo em vez de terminar abruptamente. Podem resumir-se as ideias principais. Pode perguntar-se de novo se o entrevistado tem alguma questão acerca do projecto e pode também ser referido como contactar o entrevistador em caso de necessidade. Agradecer no final a ajuda prestada.

F – Tomar notas: Devem ser tomadas notas imediatamente sobre impressões da entrevista, pensamentos que a gravação não tenha captado. Estas notas poderão ajudar a lembrar e explorar o “processo” da entrevista.
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Costa, Cristina (2004). A Entrevista, Lisboa: Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Recuperado em 24 de Novembro, 2009, de http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/ichagas/mi1/entrevistat2.pdf
D´Ascenção, Luiz, sd. Organização, sistemas e métodos. Recuperado em 23 de Novembro, 2009, de http://guaiba.ulbra.tche.br/~yanzer/modelagem/entrevista_e_questionario.pdf
Simões, Alcino, (2006).Como Realizar uma Entrevista. Recuperado em 26 de Novembro de 2009 de http://www.prof2000.pt/users/folhalcino/ideias/comunica/entrevista.htm
D´Ascenção, Luiz, sd. Organização, sistemas e métodos. Recuperado em 23 de Novembro, 2009, de http://guaiba.ulbra.tche.br/~yanzer/modelagem/entrevista_e_questionario.pdf
Suler, John (1995). Teaching Clinical Psychology, Using Interviews in Research. Acedido em 28 de Novembro, 2009
http://www-usr.rider.edu/~suler/interviews.html

domingo, 15 de novembro de 2009

Até agora foi assim...

Entretanto, seremos ainda cientistas,se nos desligarmos da multidão?Os movimentos dos corpos celestes se tornaram mais claros;mas os movimentos dos poderosos continuam imprevisíveis para os seus povos;A luta pela mensuração do céu foi ganha através da dúvida; se os cientistas, intimidados pela prepotência dos poderosos, acham que basta amontoar saber, por amor do saber, a ciência pode ser transformada em aleijão, e as suas novas máquinas serão novas aflições, nada mais. Com o tempo, é possível que vocês descubram tudo o que haja por descobrir, e ainda assim o seu avanço há-de ser apenas um avanço para longe da humanidade.
A FINALIDADE DA CIÊNCIA
E assim se continua entre muitas leituras, um infindar de livros e espaços on-line. O tempo é muito curto, o trabalho é muito. E leio e releio, apontamentos à frente, escrita atrás e se continua no trilho da descoberta. Paradigmas, métodos, técnicas, amostras, inquéritos, vantagens, desvantagens e aqui se vão tecendo momentos de trabalho, aqui vou tentando juntar informação que fui captando aqui e ali. Avaliando a esta altura o que se foi fazendo... creio que vou conseguindo amealhar palavras, frases, raciocínios, opiniões que me vão sendo úteis porque estão sintetizadas. Aqui consigo reter o que escrevo, onde vou buscar, como vou fazendo. O tempo tem sido sempre muito pouco, para mim e para todos, mas sei que este tempo é necessário, para o ano vou sentir isso. Vou continuar nas minhas leituras, vou continuar a tecer opiniões e a constituir este espaço com mananceais de descoberta. O tempo passa, o conhecimento aumenta...
Paula

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O questionário como método de recolha de dados – análise de uma tese



O questionário é um instrumento de investigação, mais precisamente para recolha de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador. O questionário pode ser enviado por correio ou por um portador, sendo entretanto devolvido ao investigador. Junto com o questionário deve ser enviada uma nota explicativa da natureza da pesquisa, da sua importância, tentando-se captar o interesse do recebedor em responder e devolver em prazo solicitado.
Imagino que será para o pesquisador uma questão delicada, a da devolução dos questionários respondidos, se sentir que não os recebe. Selltiz (1965) aponta como factores possíveis que influenciam a recepção dos questionários respondidos a forma atraente, a extensão, a nota que o acompanha, o tipo de classe de pessoas a quem é enviado, a facilidade no seu preenchimento.
Considero que seja uma técnica que possui muitas vantagens dado que economiza tempo em função do grande número de respostas obtidas e o número de pessoas a que se consegue chegar, abrange uma grande área geográfica, permite obter respostas rápidas, porque é anónimo, permite uma maior liberdade e tempo de resposta e, dada a não influência do pesquisador, há um menor risco de distorção.
No entanto, como qualquer técnica tem a meu ver alguns aspectos menos positivos. A possibilidade de um retorno muito aquém do esperado pode comprometer a investigação, pelo menos no tempo previsto. Da mesma forma, há sempre o risco de muitas perguntas sem resposta, bem como de respostas incompreendidas, entre outros que poderiam aqui ser referidas.
Acima de tudo é uma técnica que permite uma investigação muito eficaz. A sua construção e aplicação possuem uma grande objectividade, característica dos modelos quantitativos.


Análise da tese “O Papel da Internet no Processo de Construção do Conhecimento - Uma perspectiva crítica sobre a relação dos alunos do 3º Ciclo com a Internet”


Esta tese teve como objectivo de estudo geral procurar a relação entre a Internet e o conhecimento adquirido por professores e alunos. Para chegar a conclusões relacionadas com aquele objectivo, a investigadora optou pela técnica do questionário que dirigiu a escolas de duas áreas distantes em termos geográficos. Antes deste passo metodológico a autora apresenta claramente os objectivos que estiveram na base no estudo feito, e assim na base do questionário elaborado (págs. 43, 63 e 83). A amostra encontra-se identificada tendo-lhe estado subjacente, segundo a autora, a comparação entre alunos e professores do litoral e interior. Da mesma forma, a acrescentar, o facto dos professores das escolas escolhidas terem manifestado interesse em colaborar no projecto. A autora afirma ter conseguido obter todos os questionários devolvidos, o que para o trabalho dela foi muito positivo. De referir que nesta tese a validação prévia necessária do questionário foi feita a um pequeno grupo de alunos e professores, tarefa esta que levou a correcção de aspectos de forma e conteúdo. Mas há que acrescentar que em nenhum momento surgem indicações dos passos que levaram à construção do questionário. No entanto, depois de analisar as variáveis utilizadas, as questões feitas considero terem sido correctamente formuladas, mas abarcam aspectos que embora a investigadora tenha pretendido quantificar, são aspectos já passíveis de generalização em trabalhos já elaborados. Essas questões acabam por explicar o grau de simplicidade do tratamento e as conclusões a que a autora chegou. O tema pode não ter sido muito bem escolhido, dada a quantidade imensa de trabalhos na área, mas, de qualquer modo, o trabalho poderia ter tido outra vertente. Por exemplo, o estudo estar relacionado com os recursos produzidos em termos informáticos por professores e alunos ao ponto de promoverem um auto-conhecimento, e o dos outros. Dificuldades na utilização da Internet como base de elaboração de trabalho, quer ao nível do software, quer ao nível da reedição de recursos já existente. Acontece que a autora apenas utilizou para o tratamento dos dados os valores percentuais encontrados com base no programa Excel. Em termos técnicos de análise do inquérito utilizado, considero que a questão 5 limita a resposta dada. Aqui falta a hipótese “quais”, uma vez que pode acontecer nenhuma das respostas ser a pretendida e assim corre-se o risco desta questão ficar por responder.
A questão 13 carece de espaço de resposta. Se eu tivesse de responder a esta pergunta, teria dificuldades em preencher a linha dos “Quais”. A não ser que quem responde, caso o questionário se apresente em suporte electrónico possa alargar-se no conteúdo aberto da resposta.
Este inquérito inclui essencialmente questões fechadas para respostas breves, nestas questões surgem possibilidades de resposta dicotómica listagem de respostas sugeridas com opções e ou categorias. Como é fácil abarcar todas as possibilidades de resposta, o “outros” surge sempre para colmatar essa situação. Este tipo de questionário é fácil de responder, fácil de classificar e analisar, é objectivo. Este inquérito devia ter instruções claras de preenchimento, sob pena de algumas respostas ficarem por preencher. Um outro aspecto que considero menos positivo, é o aspecto visual do questionário. Se está tal e qual como se apresenta no pdf disponibilizado on.line, carece do nome do investigador, instituição a que pertence, não tem qualquer nota introdutória dada a ausência da nota explicativa. Muito mais poderia ser feito ao escamotear-se esta técnica utilizada nesta tese, nomeadamente no que se refere a escalas de medição de respostas.


Após discussão em fórum:

Das várias questões levantadas e opiniões dadas ressalvo uma, dada pelo colega Paulo Azevedo a 19 de Novembro, , que passo a citar: "Na minha opinião, pela leitura que fiz e pelas transcrições que vários colegas fizeram de partes da dissertação, a investigadora fez uma amostragem por conveniência (a existência de professores que se disponibilizaram) e, simultaneamente, uma amostragem intencional (pretende comparar resultados de diferentes localizações geográficas e de diferentes estilos de vida)." Esta questão levou-me a pesquisar mais além e encontrei mais situações de amostragem, para além das referidas pelo colega (amostragem por conveniência, quotas, intencional e bola-de-neve).

Na wikispaces, de Clara Coutinho um método de amostragem que me fez perceber que nesta tese também podia ser tido em consideração, foi o "Clusters", que usa agrupamentos naturais de elementos da população, nos quais cada elemento da população pertence a um só grupo. A acrescentar que, se tivermos em conta, segundo a mesma autora, a amostragem multi-etápica, então eu refiro que esta investigadora usou o cluster “zona geográfica” Porto e Bragança, depois o cluster escolas escolhidas e aqui se verifica um misto com a amostragem por conveniência, na amostra "professores" e de novo o cluster “8º e 9º ano”. Ou seja, a amostragem leva a cada elemento da amostra finalmente, por conveniência aos 110 professores e aleatoriamente, de certa forma, aos 350 alunos que, se forem alunos dos professores voluntários então mais uma vez vou pela ideia da amostragem por conveniência.

Também me dei conta de que a amostragem por conveniência não é representativa da população. Ocorre quando a participação é voluntária ou os elementos da amostra são escolhidos por uma questão de conveniência. Pode ser usada com êxito em situações nas quais seja mais importante captar ideias gerais, identificar aspectos críticos do que propriamente a objectividade científica (terá sido o caso desta investigação?). Contudo, o método tem a vantagem de ser rápido, barato e fácil.


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Marconi, Marina et al. (1992). Técnicas de Pesquisa. São Paulo
Selltiz, C. e tal. (1965). Métodos de pesquisa nas relações sociais. São Paulo
Repusitorium- http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/6191 (acedido em 11 de Novembro de 2009)
EL CUESTIONARIO - http://www.nodo50.org/sindpitagoras/Likert.htm (acedido em 11 de Novembro de 2009)

Métodos e Técnicas de Amostragem - http://claracoutinho.wikispaces.com/M%C3%A9todos+e+T%C3%A9cnicas+de+Amostragem (acedido em 19 de Novermbro de 2009)


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En resposta ao comentário do Paulo:

O método por clusters acaba por ser um método relacionado com agrupamentos. No caso em estudo, considero como clusters cada escola, distante das outras em termos geográficos. A autora “pegou” aqui em grupos, as escolas, os clusters que possuem semelhanças em termos de indivíduos a serem inquiridos, todas elas possuem alunos e professores. A análise por clusters é uma análise que não faz suposições com relação ao número de grupos ou às suas estruturas; o agrupamento é feito com base nas similaridades ou dissimilaridades . Em resumo ela tem como objectivo básico descobrir os agrupamentos naturais dos itens (ou variáveis). Ou seja, a investigadora pretender saber também até que ponto a localização geográfica interfere no estudo em questão.

Métodos e instrumentos de recolha de dados

A fase da recolha de dados, sejam eles fontes bibliográficas ou de outra natureza, é a fase mais demorada e a que exige mais dedicação, cuidado e atenção por parte do investigador. Para cada metodologia usada há indicações específicas quanto à recolha de dados, bem como quanto ao seu tratamento. O rigoroso controlo na aplicação dos instrumentos de pesquisa é um factor fundamental para evitar erros e defeitos que resultem numa investigação errada.

Métodos de recolha de dados:

- Análise de conteúdo de dados documentais : nesta técnica há que ter especial cuidado à acessibilidade e confidencialidade dos documentos, que poderá impedir o seu acesso. Também se deve ter em conta a veracidade daqueles. Estes documentos podem ser fontes oficiais, fotografias ou cartas (fontes primárias) ou obras já elaboradas como livros ou monografias (fontes secindárias)

- Inquéritos: trata-se de um conjunto de questões pré-formuladas. Deve ser utilizado quando o investigador sabe exactamente que informações necessita ou quando +e grande a quantidade de pessoas a incluir no estudo e estas se encontram distanciadas geograficamente. A informação é obtida facilmente e é facilmente codificada. Num inquérito a linguagem utilizada é muito importante, simples e clara.

- Entrevistas : quando feitas pessoalmente permitem uma adaptação e mudança em face do contexto. Podem também facilmente ser esclarecidas dúvidas. É necessário ter um plano para a entrevista para que no momento em que ela estiver a ser, realizada as informações necessárias não deixem de ser colhidas. As entrevistas podem ter o caráter exploratório ou ser de coleta de informações. Se a de caráter exploratório é relativamente estruturada, a de coleta de informações é altamente estruturada. São, no entanto,

- custosas;
- passíveis de diferentes interpretações de entrevistado para entrevistado;
- as respostas podem ser condicionas pela inflexão de voz ou condicionantes ligadas ao entrevistador.

Se a entrevista for feita pelo telefone, as condicionantes são ainda maiores, quer pelo desconforto da situação, quer pela quantidade necessária de telefonemas por dia. Aqui o tempo pode ser uma limitação e até mesmo haver uma negação pelo entrevistado de se submeter à entrevista

- Estudos por observação : podendo ser participante. Não participante, estruturada ou não, antes de ser iniciada, precisa de uma verificação do lugar e reflexão sobre os fenómenos a serem registados. A amostra pode ser maior a baixo custo e podem ser estudados comportamentos não verbais. No entanto, é mais fatigante para o observador.

Actualmente, a Internet apresenta-se como uma forma de recolha de dados revolucionária e facilitadora. No entanto, os perigos não devem ser colocados de lado, como os critérios de manutenção de qualidade de informação. O manancial informativo é imenso e cabe ao investigador ter o máximo cuidado nos conteúdos que utiliza da rede global.

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Azevedo, Carlos et al (1998). Metodologia Científica: Contributos práticos para a elaboração de trabalhos académicos. Ed.C. Azevedo
Cohen,L., Manion, L., Morrison, K., (1994). Research Methods in Education. London: Routledge Falmer
Marconi, Marina et al. (1992). Técnicas de Pesquisa. São Paulo
Entrevista em investigação qualitativa

www.pedagogiaemfoco.pro.br/met06.htm
www.experiment-resources.com/what-is-the-scientific-method.html

domingo, 1 de novembro de 2009

Estudo de caso- parte III

Em rigor, podemos usar o termo amostra num estudo de caso?

Quando é feito estudo de caso e como caso podemos considerar um indivíduo ou um grupo, há que considerar a contextualização específica em que ele é estudado. O caso é único em si mesmo. Há que estabelecer um referencial lógico de recolha de dados (Creswell, 1994). No entanto, há que ter sempre presente que, a investigação de um caso não se baseia numa amostra (Stake, 1995). Num estudo de caso a escolha da amostra adquire um sentido muito particular (Bravo, 1998), não no sentido da amostra tida em conta num método quantitativo onde ela surge com o objectivo de se fazer um estudo que no final se possa alargar a uma comunidade de onde foi retirada. Não há intenção de se estudar um caso para o generalizar a outros casos. Assim, num estudo de caso, uma amostra, de entre um universo não faria qualquer sentido.
Embora Bravo (1992) considere seis tipos de amostras que podem ser utilizadas em estudos de caso:
1- Amostras extremas (casos únicos);2- Amostras de casos típicos ou especiais;3- Amostras de variação máxima, adaptadas a diferentes condições;4- Amostras de casos críticos;5- Amostras de casos sensíveis ou politicamente importantes;6- Amostras de conveniência.
Elas são meramente reguladoras do processo e vão provocando os devidos ajustes à “amostra” inicial. Ou seja a amostra num estudo de caso acaba por ser o próprio caso, inserido no seu contexto que lhe é particular e que se pretende explorar, descrever, explicar (Gomez, Flores & Jimenez ,1996),
Se considerarmos Amostra um subconjunto de elementos pertencentes a uma população ou universo em que a informação recolhida para essa amostra é depois generalizada a toda a população. Então eu digo que em rigor não se pode falar em amostra num estudo de caso.
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Yin, Robert K.. "Estudo de caso planejamento e métodos".São Paulo

Estudo de caso – parte II: considerações gerais

Incluído num paradigma interpretativo, o estudo de caso surge como uma abordagem metodológica de investigação (Yin (1994) que acaba por ser, põe excelência a metodologia mais adequada para compreender, descrever, explicar fenómenos da subjectiva dimensão educativa. Ponte (2006) considera que “é uma investigação que se assume como particularística, isto é, que se debruça deliberadamente sobre uma situação específica que se supõe ser única ou especial, pelo menos em certos aspectos, procurando descobrir a que há nela de mais essencial e característico e, desse modo, contribuir para a compreensão global de um certo fenómeno de interesse.”
O estudo de caso enquadra-se num plano qualitativo (paradigma interpretativo), podendo no entanto recorrer a uma metodologia mista no seu processo, como acontece com a tese analisada anteriormente.
Contrariamente à metodologia experimental, em que se manipulam variáveis por forma a chegar-se ao seu significado causal, num estudo de caso o investigador observa as características de um individuo ou grupo de modo a compreender e explicar os vários fenómenos que, num contexto caracterizam a unidade, o caso.
O estudo de caso contribui de forma inigualável para a compreensão dos fenómenos individuais, organizacionais, sociais e políticos (Yin, 1994) pois permite uma investigação que preserva as características holisticas dos fenómenos da vida real.

Benbasat et al (1987) consideram que um estudo de caso deve possuir as seguintes características:
- Fenómeno observado no seu contexto natural;
- Dados recolhidos utilizando diversos meios (Observações directas e indirectas, entrevistas, questionários, registos de áudio e vídeo, diários, cartas, entre outros);
- Uma ou mais entidades (pessoa, grupo, organização) são analisadas;
- A complexidade da unidade é estudada aprofundadamente;
- Pesquisa dirigida aos estágios de exploração, classificação e desenvolvimento de hipóteses do processo de construção do conhecimento;
- Não são utilizados formas experimentais de controlo ou manipulação;
- O investigador não precisa especificar antecipadamente o conjunto de variáveis dependentes e independentes;
- Os resultados dependem fortemente do poder de integração do investigador;
- Podem ser feitas mudanças na selecção do caso ou dos métodos de recolha de dados à medida que o investigador desenvolve novas hipóteses;

- Pesquisa envolvida com questões "como?" e "porquê?" ao contrário de “o quê?” e “quantos?”

A observação participante utilizada no estudo de caso adequa-se aos vários problemas que a investigação em educação enfrenta.
Bailey (1978) identifica vantagens para este tipo de observação
. É útil quando os dados são coletados de uma forma não verbal;
. Porque as observações em estudos de caso ocorrem durante um longo período de tempo, o investigador pode desenvolver uma relação mais intima e informal com os sujeitos observados, num contexto mais natural;
. As observações em estudos de caso são mais reactivas

No entanto como sabemos que, com este tipo de observação não se perde a perspectiva inicialmente pretendida e se perdem as particularidade que estavam a ser investigadas? É aqui que se torna importante a validação externa, é aqui que são colocadas questões sobre a subjectividade do estudo por observação participada.


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http://grupo4te.com.sapo.pt/Introducao.html
Cohen,L., Manion, L., Morrison, K., Research Methods in Education. London: Routledge Falmer
Yin, Robert K.. "Estudo de caso planejamento e métodos".São Paulo

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Estudo de caso - parte I :E-portefólio: um estudo de caso, Análise da tese de Ana Paula Andrade Alves

O estudo de caso há muito foi esteriotipado como o "parente pobre" entre os métodos de ciência social(...). Apesar destes esteriótipo, os estudos de caso continuam a ser utilizados em pesquisa (Yin, R.K., 2003). A essência de uma estudo de caso, a principal tendência em todos os tipos de estudo de caso, é que ela tenta esclarecer uma decisão ou um conjunto de decisões: o motivo pelo qual foram tomadas, como foram implementadas e com quais resultados (Schramm, 1971). Numa visão histórica, Jennifer Platt (1992) mostra como a observação participante surgiu como técnica de recolha de dados. A estratégia num estudo de caso possui uma lógica de planeamento, segundo Plat, em que as circunstâncias e os problemas de pesquisa são apropriados, em vez de um comprometimento ideológico que deve ser seguido não importando as circunstâncias. Um estudo de caso é assim uma investigação impírica que estuda um fenómeno contemporâneo dentro do seu contexto da vida real, sobretudo quando os limites entre o fenómeno e o contexto não estão claramente definidos.
E- portefólio: um estudo de caso
Trata-se de uma dissertação sobre a implementação de um programa de portefólios electrónicos a uma turma de alunos de 9º ano de escolaridade no contexto da Matemática. Este estudo decorreu no ano lectivo de 2006/2007, e partiu da utilização da Plataforma Moodle. Como refere a autora no abstract, pretende-se analisar a viabilidade e a adequação da implementação do programa de portfólios de Matemática, suportado pela tecnologia Moodle, a turmas do ensino básico.

Esta tese começa por uma introdução onde é contextualizado o novo modelo de educação, nomeadamente a importância do e.portefólio, a fazer notar a pertinência desta ferramenta na vida escolar dos alunos, refere também a plataforma como forma de suporte.
Continua integrando o trabalho e, quando refere a questão principal de pesquisa, logo de seguida refere 3 questões principais de pesquisa, o que torna neste momento a indefinição do que é realmente considerado de questão principal. De qualquer forma, os objectivos estão traçados face às 3 questões, nunca directamente relacionados com a resposta à primeira questão formulada. Verifica-se uma tentativa de tornar transferíveis os resultados do estudo para outros casos, dando assim utilidade à investigação, tornando-a um estudo aberto, nunca fechado em si mesmo.
Nesta tese, a autora, envolvida num Paradigma interpretativo, considera na sua investigação o estudo de caso. Este paradigma vai ter interferência no que é investigado, na relação entre o investigado e o investigador e nos métodos utilizados.
As fases de todo o processo de investigação vão estando patentes neste trabalho de uma forma mais ou menos clara:
O problema não se encontra definido
A autora parte de questões de investigação de forma pouco clara
Os objectivos da investigação recaem apenas em parte das questões
É feita a revisão da literatura onde é conseguido um bom enquadramento de todo o trabalho. Aqui sim, é feita referência a um problema - as falhas nas práticas de ensino em Portugal e a necessidade de valorizar as situações de trabalho na sala de aula
A definição e fundamentação da metodologia, referida também como descrição do estudo é conseguida. No entanto surge aqui uma abordagem aos paradigma que poderia estar mais bem enquadrado na revisão da literatura, bem como surgem, aqui, de novo, a questão principal já anteriormente referida e mais uma vez, de novo, 3 questões principais
É feita a apresentação e análise de dados
Na conclusão a investigadora vai de encontro aos objectivos, ou seja, responder às questões principais apresentadas no início da dissertação, apresentando aqui obstáculos que surgiram ao longo do trabalho. Termina com a abertura a mais investigação ligada à temática em questão, abrindo assim todo este trabalho a trabalhos futuros.

Esta tese, com alguns pontos a apontar face às fases do processo de investigação, apresenta-se bem estruturada. Considero que em vários momentos é repetido o estudo em causa, salientado-se sempre o quê, para quê e com quem. Verifica-se por vezes a existência de alguma falta de seguimento lógico da estrutura, mas que rapidamente se restabelece.

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Platt, J. (1992). "Case study" in American methodological thought. Current Sociology
Yin, Robert K.. "Estudo de caso planejamento e métodos".São Paulo

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O processo de Investigação - etapas

Por onde começar?

Para um trabalho de pesquisa ser feito, acima de tudo o investigador deve ter interesse pessoal no tema a trabalhar, deve ter prazer na investigação que vai fazer e é preciso que o investigador tenha consciência do limite dos seus conhecimentos, sob pena de entrar num tema fora da sua área e assim tornar bem mais complexo o seu trabalho.
Após a análise feita ao estudo de caso presente na tese analisada, partindo de várias leituras feitas e depois do grupo Sherlockianos ter vivamente discutido as fases do método investigativo, considero que num processo de investigação, existe um conjunto de fases que são reflexo do paradigma que lhe está subjacente. No entanto, há fases comuns a qualquer paradigma. Qualquer investigaçãpo tem de ter definido, no seu inicio um problema. Aqui eu coloco uma observação ao fluxograma apresentado pela equipa A lémar. É definido um tema ou área, mas será esta ideia um problema?

No âmbito deste problema é colocada uma questão que será o ponto de partida do trabalho investigativo. Almeida e Freire (2003) definem fases comuns a qualquer investigação, nomeadamente a definição do problema e a revisão bibliográfica, base teórica de trabalho, aspectos já estudados que nos remetem para limitações ou outros elementos a ter em conta. No fluxograma do grupo Eurek@as, esta fase não é contemplada.

A Formulação de hipóteses bem como a definição de variáveis são fases que se relacionam com um paradigma positivista, em que a investigação experimental ganha força e os métodos quantitativos imperam. Neste caso poderia dizer que o fluxograma Eurek@as se integra mais num paradigma normativo. Daí os sherlockianos terem considerado a fase “questão e/ou hipótese formulada”. Este aspecto está presente no esquema apresentado pelos Alémar que traduz as diferenças entre uma pesquisa científica qualitativa e quantitativa.

Na fase em que se define o método, há que descrever como se vai conduzir o estudo. Aqui surge a amostra a ser tida em linha de conta, os instrumentos, as fontes e o procedimento. Mas, se se trata de uma investigação experimental, mais relacionada com o paradigma normativo, então existe o design de estudo, como é referido mais uma vez no fluxograma Eurek@as.

No que respeita ao resultado da investigação, quando num paradigma positivista se procura a validação estatística relacionada com as variáveis em estudo, na investigação qualitativa, há uma intenção final em identificar factos e evidências que levem a respostas às questões orientadoras.

Apesar da estrutura ter alguns pontos em comum, há fases que acabam por não se verificar numa investigação qualitativa ou numa quantitativa.
Nestes fluxogramas, é nítido o paradigma positivista em que o grupo Eurek@ assenta. O grupo sherlockianos e MIPERUSA generalizam, apresentando este último grupo um fluxograma bastante mais compactado, diria. Depois de ter investigado Sampieri, onde se apoiou o grupo ALÉMAR, considero que, de certo modo ele refere uma metodologia mista.

Fluxograma construido pelo grupo Sherlockianos
(João Carrega, Filomena Grazina, Paula Simões e Paulo Azevedo
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Almeida, L. & Freire, T. (2003). Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação. Braga: Psiquilibrios.



http://www.socialresearchmethods.net/kb/contents.php



http://www.fisterra.com/mbe/investiga/cuanti_cuali/cuanti_cuali.asp



http://www.southalabama.edu/coe/bset/johnson/dr_johnson/2lectures.htm






domingo, 25 de outubro de 2009

O processo de investigação - paradigmas e métodos




Em seguimento à discussão no espaço fórum da unidade curricular, na plataforma do MCEM, sobre a questão da relação entre os paradigmas e a metodologia, uma grande questão colocada refere-se à ordem com que é encarado o paradigma e o problema passível de uma investigação, bem como a metodologia adoptada.

Começo por abordar uma questão que, apesar de a ler em muita bibliografia, continua a ter a minha discordância.

"Concordo quando é referida a existência de 3 paradigmas, concordo também que eles recorrem inerentemente a um determinado método, quantitativo, qualitativo ou misto, mas, não concordo que se fale de um paradigma qualitativo ou quantitativo, muito menos misto. Como diz o Paulo, o paradigma reflecte uma visão, reflecte um modo de entender e agir perante o mundo, é um sistema de pensamento, que orienta questões a investigar. As próprias tradições podem estar na base de um paradigma, O positivismo, a dialéctica entre outros, possibilitam múltiplas leituras do mundo. Segundo Capra (1995), a ciência moderna é dividida em dois grandes paradigmas, duas formas de ver o Mundo. Não creio que se possa considerar uma visão assim abrangente, de forma limitada ao qualitativo ou quantitativo. Agora se nos referimos à metodologia preferencialmente utilizada em casa paradigma, quantitativa no caso do paradigma normativo ou qualitativa no caso do interpretativo, então pode falar-se, mas numa investigação mais qualitativa ou quantitativa."


Uma outra questão que deu azo a discussão tem a ver com o facto de um problema induzir a um paradigma ou o paradigma reflectir-se no problema.

Em resposta,... "na minha opinião bem certo. Como membro do grupo do Paulo, refiro que, embora a análise da tese tenha sido individual, acabamos por dialogar entre todos colocando opiniões concordantes ou não. O que é certo é que, sendo o paradigma os valores, pensamentos, visão do mundo, algo que está inculcado na mente de cada sujeito, grupo social, quando se faz um trabalho de investigação, esse paradigma está inerente a todo o processo. Eu não decido sobre um problema a investigar ou coloco questões de investigação e depois decido em que paradigma me encaixo, porque ele já existe de antemão. Posso decidir sobre metodologias de acordo com o trabalho que quero produzir, mas isso não muda a minha visão de ver o mundo.
Eis porque no nosso fluxograma todo o processo de investigação se encontra envolvido no paradigma, seja ele qual for e que, naturalmente vai ter influência na investigação.
Concluindo...de forma redutora, eu sou de opinião de que o paradigma vem primeiro...mais que isso, ele não surge, ele já existe antes de eu pensar em fazer a minha investigação.(...)Quando refiro que o paradigma vem primeiro, quero expressar que, quando é gerado um problema, o paradigma já existe, não surge depois como resposta ou opção. O investigador não se desliga da carga histórica da sociedade em que se insere. No entanto, algures se foi definindo a teoria, a forma de ver o Mundo, a compreensão da sociedade. Os problemas e respectivas investigações vão surgindo. Se com Aristóteles se defendia o geocentrismo, algures , perante essa visão do Mundo o paradigma mudou. A investigação foi feita, ao ponto de se poder responder à tua questão. As conclusões permitiram uma alteração à forma como se interpretava o mundo. Mas tudo partiu de pressupostos teóricos, um paradigma que mantinha na altura um grupo unido de pensadores.
G. Lapassade e R. Lourau (1974) afirmam que “o método depende da teoria que se pretende verificar.” E porque não estarão, paradigma e método, em ligação intrínseca e recursiva, enquanto duas componentes indispensáveis da investigação? Não será que o método gerado pela paradigma o regenera? A questão que colocavas era mesmo esta e realmente a minha resposta é afirmativa. A investigação vai permitindo a consolidação ou eventual regeneração do paradigma que a sustentava.

sábado, 17 de outubro de 2009

O processo de investigação - métodos em Investigação Educacional


Consoante o paradigma da investigação em educação se define com características quantitativas ou qualitativas e os respectivos métodos ganham consistência no processo de investigação, há que realçar a importância de ambos com as suas vantagens e limitações. Só assim a investigação ganha um cunho rigoroso. Enquanto que na investigação qualitativa as técnicas passam por observações naturalistas, realizadas no local, contextualizadas, na investigação quantitativa, o método seguido é científico, a realidade estudada pretende-se objectiva bem como a interpretação feita dos fenómenos. Segundo Fernandes, D. (1991), uma das prioridades do método quantitativo é verificar a generalização dos resultados à população. Este método é muito importante em termos de validade externa pois a partir de uma amostra representativa da população é feita a inferência ao universo em estudo, com uma grande precisão. As amostras experimentais devem ser trabalhadas exaustivamente com vista a um resultado fidedigno e objectivo. As técnicas a ser tidas em conta proporcionam resultados mais ou menos conclusivos. As limitações prendem-se sobretudo com a capacidade de controle das variáveis independentes, encontrando-se assim condicionada a generalização dos resultados.

Numa investigação qualitativa, é a compreensão profunda dos problemas, é ir mais além na investigação de determinados fenómenos, sem preocupação com a generalização dos resultados. aqui reside uma das grandes dificuldades deste método. Na investigação qualitativo, a veracidade dos dados depende da integridade e do conhecimento do investigador. As técnicas de entrevista, observações minunciosas e análises de instrumentos escritos, permitem uma investigação mais ampla. A falta de objectividade e o envolvimento do investigador com os sujeitos a investigar acaba por ser uma limitação, desta vez no na investigação qualitativa.

Se pretendermos fazer uma distinção quanto à metodologia aplicada, considero antes de mais que a utilização simultânea de métodos qualitativos e quantitativos só pode beneficiar uma investigação. Num processo metodológico misto, pode, embora com predominância para uma das situações, fazer-se uma investigação que se limita a questionar, mas ao mesmo tempo com procura de respostas. Comunicar-se essencialmente com os sujeitos a que diz respeito o estudo, mas porque não servir-se deles para determinados aspectos a analisar. Criar situações descritivas, conjuntamente com A metodologia mista considerada de forma equilibrada tendo em conta a investigação a ser feita, só trás mais valias a todo o processo.

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Cohen,L., Manion, L., Morrison, K., Research Methods in Education. London: Routledge Falmer

Pita Fernádez, S. Pértegas Díaz, S. – Ynudad de Epistomologia Clínica y Bioestadistica, Complexo Hospitalario-Universitario Juan Canalejo, A Coruña, Cad. Aten. Primaria, 2002

http://www.fisterra.com/mbe/investiga/cuanti_cuali/cuanti_cuali.asp

http://claracoutinho.wikispaces.com/Investigação+qualitativa+passos+fundamentais



























Investigação educacional - paradigmas subjacentes (reflexão)



Paradigma é o "quadro geral que determina a teoria e a investigação e que inclui as assunções principais, os modelos de investigação e os métodos". (Newman, 2006).

Qualquer estudo em educação necessita de clareza quanto às orientações que segue, às linhas que definem os rumos a seguir.
Dada a diversidade de pesquisas na área educativa, que ao nível teórico, quer prático, torna-se difícil conseguir uma originalidade absoluta.
Os paradigmas básicos do saber, que se sucederam interpenetrados e que continuam na nossa cultura e nas nossas cabeças, necessitam recompor -se num quadro teórico mais vasto e coerente. Sem percebê-los dialeticamente actuantes, não poderemos reconstruir a educação. (Marques, 1993, p. 104). Assim, Paradigmas são, portanto, um conjunto de conceitos interrelacionados de tal forma, a ponto de proporcionar referenciais que permitem observar, compreender determinado problema nas suas características básicas: o quê, como, o que se pretende observar e orientar possíveis soluções.
Os paradigmas em educação, positivista, interpretativo e Crítico, distinguem-se entre si quanto a:



  • Objectivo da Investigação


  • Natureza da realidade social


  • Visão sobre o homem e sobre o senso comun


  • Natureza da teoria e da explicação


  • Perspectiva sobre os valores


Na aquisição dos conhecimentos, ao longo da investigação a abordagem pode ser mais ou menos qualitativa e quantitativa. De qualquer forma, a investigação foca-se na resolução de um problema, na tentativa de resposta a questões definidas. Ao classificá-la como quantitativa ou qualitativa está-se a clarificar a distinção entre uma método dedutivo ou indutivo a ser seguido, respectivamente, uma perspectiva do comportamento humano previsível ou mais situacional, numa visão da realidade mais objectiva ou subjectiva e socialmente construída e em que a natureza da observação se preocupa em estudar comportamentos sob condições controladas, ou, segundo uma vertente mais qualitativa, o estudo comportamental ser feito em ambientes naturais e contextualizados. Ao nível dos dados a tratar, as diferenças mantêm-se explicitas. Se por um lado a investigação se prime pelo estudo de varáveis quantificáveis, pelo outro a natureza dos dados relaciona-se mais com as palavras ou imagens categorizadas. Numa investigação quantitativa a procura é feita no sentido geral, o que numa quantitativa se reveste de procuras particulares, numa apresentação de múltiplas perspectivas.
Como resultado final, obtemos assim, um relatório estatístico, comparativo, e significado estatístico numa investigação quantitativa. Já na Investigação qualitativa, este relatório final se apresenta como uma narrativa com uma descrição contextual e citações de outras pesquisas realizadas.



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http://www.fisterra.com/mbe/investiga/cuanti_cuali/cuanti_cuali.asp



http://www.southalabama.edu/coe/bset/johnson/dr_johnson/lectures/lec2.pdf