domingo, 25 de outubro de 2009

O processo de investigação - paradigmas e métodos




Em seguimento à discussão no espaço fórum da unidade curricular, na plataforma do MCEM, sobre a questão da relação entre os paradigmas e a metodologia, uma grande questão colocada refere-se à ordem com que é encarado o paradigma e o problema passível de uma investigação, bem como a metodologia adoptada.

Começo por abordar uma questão que, apesar de a ler em muita bibliografia, continua a ter a minha discordância.

"Concordo quando é referida a existência de 3 paradigmas, concordo também que eles recorrem inerentemente a um determinado método, quantitativo, qualitativo ou misto, mas, não concordo que se fale de um paradigma qualitativo ou quantitativo, muito menos misto. Como diz o Paulo, o paradigma reflecte uma visão, reflecte um modo de entender e agir perante o mundo, é um sistema de pensamento, que orienta questões a investigar. As próprias tradições podem estar na base de um paradigma, O positivismo, a dialéctica entre outros, possibilitam múltiplas leituras do mundo. Segundo Capra (1995), a ciência moderna é dividida em dois grandes paradigmas, duas formas de ver o Mundo. Não creio que se possa considerar uma visão assim abrangente, de forma limitada ao qualitativo ou quantitativo. Agora se nos referimos à metodologia preferencialmente utilizada em casa paradigma, quantitativa no caso do paradigma normativo ou qualitativa no caso do interpretativo, então pode falar-se, mas numa investigação mais qualitativa ou quantitativa."


Uma outra questão que deu azo a discussão tem a ver com o facto de um problema induzir a um paradigma ou o paradigma reflectir-se no problema.

Em resposta,... "na minha opinião bem certo. Como membro do grupo do Paulo, refiro que, embora a análise da tese tenha sido individual, acabamos por dialogar entre todos colocando opiniões concordantes ou não. O que é certo é que, sendo o paradigma os valores, pensamentos, visão do mundo, algo que está inculcado na mente de cada sujeito, grupo social, quando se faz um trabalho de investigação, esse paradigma está inerente a todo o processo. Eu não decido sobre um problema a investigar ou coloco questões de investigação e depois decido em que paradigma me encaixo, porque ele já existe de antemão. Posso decidir sobre metodologias de acordo com o trabalho que quero produzir, mas isso não muda a minha visão de ver o mundo.
Eis porque no nosso fluxograma todo o processo de investigação se encontra envolvido no paradigma, seja ele qual for e que, naturalmente vai ter influência na investigação.
Concluindo...de forma redutora, eu sou de opinião de que o paradigma vem primeiro...mais que isso, ele não surge, ele já existe antes de eu pensar em fazer a minha investigação.(...)Quando refiro que o paradigma vem primeiro, quero expressar que, quando é gerado um problema, o paradigma já existe, não surge depois como resposta ou opção. O investigador não se desliga da carga histórica da sociedade em que se insere. No entanto, algures se foi definindo a teoria, a forma de ver o Mundo, a compreensão da sociedade. Os problemas e respectivas investigações vão surgindo. Se com Aristóteles se defendia o geocentrismo, algures , perante essa visão do Mundo o paradigma mudou. A investigação foi feita, ao ponto de se poder responder à tua questão. As conclusões permitiram uma alteração à forma como se interpretava o mundo. Mas tudo partiu de pressupostos teóricos, um paradigma que mantinha na altura um grupo unido de pensadores.
G. Lapassade e R. Lourau (1974) afirmam que “o método depende da teoria que se pretende verificar.” E porque não estarão, paradigma e método, em ligação intrínseca e recursiva, enquanto duas componentes indispensáveis da investigação? Não será que o método gerado pela paradigma o regenera? A questão que colocavas era mesmo esta e realmente a minha resposta é afirmativa. A investigação vai permitindo a consolidação ou eventual regeneração do paradigma que a sustentava.

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