domingo, 1 de novembro de 2009

Estudo de caso – parte II: considerações gerais

Incluído num paradigma interpretativo, o estudo de caso surge como uma abordagem metodológica de investigação (Yin (1994) que acaba por ser, põe excelência a metodologia mais adequada para compreender, descrever, explicar fenómenos da subjectiva dimensão educativa. Ponte (2006) considera que “é uma investigação que se assume como particularística, isto é, que se debruça deliberadamente sobre uma situação específica que se supõe ser única ou especial, pelo menos em certos aspectos, procurando descobrir a que há nela de mais essencial e característico e, desse modo, contribuir para a compreensão global de um certo fenómeno de interesse.”
O estudo de caso enquadra-se num plano qualitativo (paradigma interpretativo), podendo no entanto recorrer a uma metodologia mista no seu processo, como acontece com a tese analisada anteriormente.
Contrariamente à metodologia experimental, em que se manipulam variáveis por forma a chegar-se ao seu significado causal, num estudo de caso o investigador observa as características de um individuo ou grupo de modo a compreender e explicar os vários fenómenos que, num contexto caracterizam a unidade, o caso.
O estudo de caso contribui de forma inigualável para a compreensão dos fenómenos individuais, organizacionais, sociais e políticos (Yin, 1994) pois permite uma investigação que preserva as características holisticas dos fenómenos da vida real.

Benbasat et al (1987) consideram que um estudo de caso deve possuir as seguintes características:
- Fenómeno observado no seu contexto natural;
- Dados recolhidos utilizando diversos meios (Observações directas e indirectas, entrevistas, questionários, registos de áudio e vídeo, diários, cartas, entre outros);
- Uma ou mais entidades (pessoa, grupo, organização) são analisadas;
- A complexidade da unidade é estudada aprofundadamente;
- Pesquisa dirigida aos estágios de exploração, classificação e desenvolvimento de hipóteses do processo de construção do conhecimento;
- Não são utilizados formas experimentais de controlo ou manipulação;
- O investigador não precisa especificar antecipadamente o conjunto de variáveis dependentes e independentes;
- Os resultados dependem fortemente do poder de integração do investigador;
- Podem ser feitas mudanças na selecção do caso ou dos métodos de recolha de dados à medida que o investigador desenvolve novas hipóteses;

- Pesquisa envolvida com questões "como?" e "porquê?" ao contrário de “o quê?” e “quantos?”

A observação participante utilizada no estudo de caso adequa-se aos vários problemas que a investigação em educação enfrenta.
Bailey (1978) identifica vantagens para este tipo de observação
. É útil quando os dados são coletados de uma forma não verbal;
. Porque as observações em estudos de caso ocorrem durante um longo período de tempo, o investigador pode desenvolver uma relação mais intima e informal com os sujeitos observados, num contexto mais natural;
. As observações em estudos de caso são mais reactivas

No entanto como sabemos que, com este tipo de observação não se perde a perspectiva inicialmente pretendida e se perdem as particularidade que estavam a ser investigadas? É aqui que se torna importante a validação externa, é aqui que são colocadas questões sobre a subjectividade do estudo por observação participada.


---------------------------------------------------------

http://grupo4te.com.sapo.pt/Introducao.html
Cohen,L., Manion, L., Morrison, K., Research Methods in Education. London: Routledge Falmer
Yin, Robert K.. "Estudo de caso planejamento e métodos".São Paulo

Sem comentários:

Enviar um comentário