domingo, 15 de novembro de 2009
Até agora foi assim...
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
O questionário como método de recolha de dados – análise de uma tese
Imagino que será para o pesquisador uma questão delicada, a da devolução dos questionários respondidos, se sentir que não os recebe. Selltiz (1965) aponta como factores possíveis que influenciam a recepção dos questionários respondidos a forma atraente, a extensão, a nota que o acompanha, o tipo de classe de pessoas a quem é enviado, a facilidade no seu preenchimento.
Considero que seja uma técnica que possui muitas vantagens dado que economiza tempo em função do grande número de respostas obtidas e o número de pessoas a que se consegue chegar, abrange uma grande área geográfica, permite obter respostas rápidas, porque é anónimo, permite uma maior liberdade e tempo de resposta e, dada a não influência do pesquisador, há um menor risco de distorção.
No entanto, como qualquer técnica tem a meu ver alguns aspectos menos positivos. A possibilidade de um retorno muito aquém do esperado pode comprometer a investigação, pelo menos no tempo previsto. Da mesma forma, há sempre o risco de muitas perguntas sem resposta, bem como de respostas incompreendidas, entre outros que poderiam aqui ser referidas.
Acima de tudo é uma técnica que permite uma investigação muito eficaz. A sua construção e aplicação possuem uma grande objectividade, característica dos modelos quantitativos.
Análise da tese “O Papel da Internet no Processo de Construção do Conhecimento - Uma perspectiva crítica sobre a relação dos alunos do 3º Ciclo com a Internet”
Esta tese teve como objectivo de estudo geral procurar a relação entre a Internet e o conhecimento adquirido por professores e alunos. Para chegar a conclusões relacionadas com aquele objectivo, a investigadora optou pela técnica do questionário que dirigiu a escolas de duas áreas distantes em termos geográficos. Antes deste passo metodológico a autora apresenta claramente os objectivos que estiveram na base no estudo feito, e assim na base do questionário elaborado (págs. 43, 63 e 83). A amostra encontra-se identificada tendo-lhe estado subjacente, segundo a autora, a comparação entre alunos e professores do litoral e interior. Da mesma forma, a acrescentar, o facto dos professores das escolas escolhidas terem manifestado interesse em colaborar no projecto. A autora afirma ter conseguido obter todos os questionários devolvidos, o que para o trabalho dela foi muito positivo. De referir que nesta tese a validação prévia necessária do questionário foi feita a um pequeno grupo de alunos e professores, tarefa esta que levou a correcção de aspectos de forma e conteúdo. Mas há que acrescentar que em nenhum momento surgem indicações dos passos que levaram à construção do questionário. No entanto, depois de analisar as variáveis utilizadas, as questões feitas considero terem sido correctamente formuladas, mas abarcam aspectos que embora a investigadora tenha pretendido quantificar, são aspectos já passíveis de generalização em trabalhos já elaborados. Essas questões acabam por explicar o grau de simplicidade do tratamento e as conclusões a que a autora chegou. O tema pode não ter sido muito bem escolhido, dada a quantidade imensa de trabalhos na área, mas, de qualquer modo, o trabalho poderia ter tido outra vertente. Por exemplo, o estudo estar relacionado com os recursos produzidos em termos informáticos por professores e alunos ao ponto de promoverem um auto-conhecimento, e o dos outros. Dificuldades na utilização da Internet como base de elaboração de trabalho, quer ao nível do software, quer ao nível da reedição de recursos já existente. Acontece que a autora apenas utilizou para o tratamento dos dados os valores percentuais encontrados com base no programa Excel. Em termos técnicos de análise do inquérito utilizado, considero que a questão 5 limita a resposta dada. Aqui falta a hipótese “quais”, uma vez que pode acontecer nenhuma das respostas ser a pretendida e assim corre-se o risco desta questão ficar por responder.
A questão 13 carece de espaço de resposta. Se eu tivesse de responder a esta pergunta, teria dificuldades em preencher a linha dos “Quais”. A não ser que quem responde, caso o questionário se apresente em suporte electrónico possa alargar-se no conteúdo aberto da resposta.
Este inquérito inclui essencialmente questões fechadas para respostas breves, nestas questões surgem possibilidades de resposta dicotómica listagem de respostas sugeridas com opções e ou categorias. Como é fácil abarcar todas as possibilidades de resposta, o “outros” surge sempre para colmatar essa situação. Este tipo de questionário é fácil de responder, fácil de classificar e analisar, é objectivo. Este inquérito devia ter instruções claras de preenchimento, sob pena de algumas respostas ficarem por preencher. Um outro aspecto que considero menos positivo, é o aspecto visual do questionário. Se está tal e qual como se apresenta no pdf disponibilizado on.line, carece do nome do investigador, instituição a que pertence, não tem qualquer nota introdutória dada a ausência da nota explicativa. Muito mais poderia ser feito ao escamotear-se esta técnica utilizada nesta tese, nomeadamente no que se refere a escalas de medição de respostas.
Selltiz, C. e tal. (1965). Métodos de pesquisa nas relações sociais. São Paulo
Repusitorium- http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/6191 (acedido em 11 de Novembro de 2009)
EL CUESTIONARIO - http://www.nodo50.org/sindpitagoras/Likert.htm (acedido em 11 de Novembro de 2009)
Métodos e instrumentos de recolha de dados
Métodos de recolha de dados:
- Análise de conteúdo de dados documentais : nesta técnica há que ter especial cuidado à acessibilidade e confidencialidade dos documentos, que poderá impedir o seu acesso. Também se deve ter em conta a veracidade daqueles. Estes documentos podem ser fontes oficiais, fotografias ou cartas (fontes primárias) ou obras já elaboradas como livros ou monografias (fontes secindárias)
- Inquéritos: trata-se de um conjunto de questões pré-formuladas. Deve ser utilizado quando o investigador sabe exactamente que informações necessita ou quando +e grande a quantidade de pessoas a incluir no estudo e estas se encontram distanciadas geograficamente. A informação é obtida facilmente e é facilmente codificada. Num inquérito a linguagem utilizada é muito importante, simples e clara.
- Entrevistas : quando feitas pessoalmente permitem uma adaptação e mudança em face do contexto. Podem também facilmente ser esclarecidas dúvidas. É necessário ter um plano para a entrevista para que no momento em que ela estiver a ser, realizada as informações necessárias não deixem de ser colhidas. As entrevistas podem ter o caráter exploratório ou ser de coleta de informações. Se a de caráter exploratório é relativamente estruturada, a de coleta de informações é altamente estruturada. São, no entanto,
- custosas;
- passíveis de diferentes interpretações de entrevistado para entrevistado;
- as respostas podem ser condicionas pela inflexão de voz ou condicionantes ligadas ao entrevistador.
Se a entrevista for feita pelo telefone, as condicionantes são ainda maiores, quer pelo desconforto da situação, quer pela quantidade necessária de telefonemas por dia. Aqui o tempo pode ser uma limitação e até mesmo haver uma negação pelo entrevistado de se submeter à entrevista
- Estudos por observação : podendo ser participante. Não participante, estruturada ou não, antes de ser iniciada, precisa de uma verificação do lugar e reflexão sobre os fenómenos a serem registados. A amostra pode ser maior a baixo custo e podem ser estudados comportamentos não verbais. No entanto, é mais fatigante para o observador.
Actualmente, a Internet apresenta-se como uma forma de recolha de dados revolucionária e facilitadora. No entanto, os perigos não devem ser colocados de lado, como os critérios de manutenção de qualidade de informação. O manancial informativo é imenso e cabe ao investigador ter o máximo cuidado nos conteúdos que utiliza da rede global.
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Azevedo, Carlos et al (1998). Metodologia Científica: Contributos práticos para a elaboração de trabalhos académicos. Ed.C. Azevedo
Cohen,L., Manion, L., Morrison, K., (1994). Research Methods in Education. London: Routledge Falmer
Marconi, Marina et al. (1992). Técnicas de Pesquisa. São Paulo
Entrevista em investigação qualitativa
www.pedagogiaemfoco.pro.br/met06.htm
www.experiment-resources.com/what-is-the-scientific-method.html
domingo, 1 de novembro de 2009
Estudo de caso- parte III
Quando é feito estudo de caso e como caso podemos considerar um indivíduo ou um grupo, há que considerar a contextualização específica em que ele é estudado. O caso é único em si mesmo. Há que estabelecer um referencial lógico de recolha de dados (Creswell, 1994). No entanto, há que ter sempre presente que, a investigação de um caso não se baseia numa amostra (Stake, 1995). Num estudo de caso a escolha da amostra adquire um sentido muito particular (Bravo, 1998), não no sentido da amostra tida em conta num método quantitativo onde ela surge com o objectivo de se fazer um estudo que no final se possa alargar a uma comunidade de onde foi retirada. Não há intenção de se estudar um caso para o generalizar a outros casos. Assim, num estudo de caso, uma amostra, de entre um universo não faria qualquer sentido.
Embora Bravo (1992) considere seis tipos de amostras que podem ser utilizadas em estudos de caso:
1- Amostras extremas (casos únicos);2- Amostras de casos típicos ou especiais;3- Amostras de variação máxima, adaptadas a diferentes condições;4- Amostras de casos críticos;5- Amostras de casos sensíveis ou politicamente importantes;6- Amostras de conveniência.
Elas são meramente reguladoras do processo e vão provocando os devidos ajustes à “amostra” inicial. Ou seja a amostra num estudo de caso acaba por ser o próprio caso, inserido no seu contexto que lhe é particular e que se pretende explorar, descrever, explicar (Gomez, Flores & Jimenez ,1996),
Se considerarmos Amostra um subconjunto de elementos pertencentes a uma população ou universo em que a informação recolhida para essa amostra é depois generalizada a toda a população. Então eu digo que em rigor não se pode falar em amostra num estudo de caso.
Estudo de caso – parte II: considerações gerais
O estudo de caso enquadra-se num plano qualitativo (paradigma interpretativo), podendo no entanto recorrer a uma metodologia mista no seu processo, como acontece com a tese analisada anteriormente.
Contrariamente à metodologia experimental, em que se manipulam variáveis por forma a chegar-se ao seu significado causal, num estudo de caso o investigador observa as características de um individuo ou grupo de modo a compreender e explicar os vários fenómenos que, num contexto caracterizam a unidade, o caso.
O estudo de caso contribui de forma inigualável para a compreensão dos fenómenos individuais, organizacionais, sociais e políticos (Yin, 1994) pois permite uma investigação que preserva as características holisticas dos fenómenos da vida real.
Benbasat et al (1987) consideram que um estudo de caso deve possuir as seguintes características:
- Fenómeno observado no seu contexto natural;
- Pesquisa envolvida com questões "como?" e "porquê?" ao contrário de “o quê?” e “quantos?”
A observação participante utilizada no estudo de caso adequa-se aos vários problemas que a investigação em educação enfrenta.
Bailey (1978) identifica vantagens para este tipo de observação
. É útil quando os dados são coletados de uma forma não verbal;
. Porque as observações em estudos de caso ocorrem durante um longo período de tempo, o investigador pode desenvolver uma relação mais intima e informal com os sujeitos observados, num contexto mais natural;
. As observações em estudos de caso são mais reactivas
No entanto como sabemos que, com este tipo de observação não se perde a perspectiva inicialmente pretendida e se perdem as particularidade que estavam a ser investigadas? É aqui que se torna importante a validação externa, é aqui que são colocadas questões sobre a subjectividade do estudo por observação participada.
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http://grupo4te.com.sapo.pt/Introducao.html
Cohen,L., Manion, L., Morrison, K., Research Methods in Education. London: Routledge Falmer
Yin, Robert K.. "Estudo de caso planejamento e métodos".São Paulo